terça-feira, 22 de novembro de 2011

Passar a acreditar em coisas


Dei um pulo ali à Gulbenkian (eu vou à Gulbenkian. Sou um gajo culto e essas merdas, ah e tomo banho todos os dias: meninas, hum?). Para além do mais aquela inspiração frank-lloydiana é inebriante, acho sempre que um dia me vou construir uma casa assim. Mas o negócio era visitar a exposição “A perspectiva das coisas - 2ª parte”. Sou um vendido, não resisto à sensação de proximidade. Isto não se consegue via net ou livros, pá.

Os girassóis do Monet, nunca tinha visto ao vivo. Pertence ao acervo do MET e eu e a América, é isso. Um ou dois van Gogh, não me canso de me espantar com aquelas cores. Lá pelo meio (perdido), um telefone do Dali, mesmo um telefone a sério, tridimensional, aquele ganda maluco meteu uma lagosta em mármore no lugar do auscultador e chamou àquilo ‘telefone afrodisíaco’. Olha, um Vieira da Silva. Vir a uma exposição tem também este carácter comprovativo: continuo sem conseguir gostar de Vieira da Silva. Daqui por uns meses faço nova análise, para confirmar se já estou curado. Mais umas coisas interessantes essencialmente do séc. XIX e uma ou outra do século seguinte. Impressionismo mais ou menos, natureza-morta com fartura, pena que nada do séc. XVIII e acabei por não ficar tão contente quanto esperava. Cá fora dei por mim a pensar que a televisão e a internet provocam uma certa sofreguidão. Somos tão bombardeados com informação que assistir a espectacularidades ao vivo quase se transformou num exercício decepcionante: ah e tal, esperava mais. Esperava mais?! Estou a ver uma cena que desperta emoções, não só em mim mas em milhões de pessoas no mundo inteiro e “esperava mais”? Condenso duzentos e tal anos de pintura em sessenta minutos e “soube a pouco”? E viver na Sibéria ou no deserto do Sinai, não me diz nada? Nota mental: deixar de ser parvo.

Ora, antes de entrar na exposição dou um salto ao museu para uma ronda rápida pela exposição permanente. Descansadinho da vida, faz-de-conta, quase no final reparo nisto:



Não! Deixa-me cá aproximar o telemóvel para focar a personagem central…



O que é que estava o Ricardo Araújo Pereira a fazer naqueles propósitos há quase 200 anos? Fooodassse! Passei o resto da visita a olhar por cima do ombro, agora acredito em coisas.



5 comentários:

Bafejada pelas Musas disse...

Ei, perdoa-me o abuso e a intromissão mas... Nada a ver! god lol aqueles olhos são demasiado "limpos" lol

Miguel disse...

Achas? Ao vivo parecia mesmo ele. Medo.

zozô disse...

Oh Miguel, e eu que já ia espetar aqui o meu ferrãozinho e dizer que o Monet não é o gajo dos girassóis, mas sim dos nenúfares, e que não devias beber antes de escrever. Mas não é que o homem pintou mesmo girassóis. E parece que até inspirou o van Gogh e tudo. Eu ando a aprender coisas e a culpa é tua!
:)

Miguel disse...

Tens parcialmente razão, o senhor também pintou nenúfares. E muitos. Aliás, estava lá um dele. Não me recordo se era a versão que também pertence ao Met. Era um quadro pequenino e desgostei.

Bafejada pelas Musas disse...

Acho mesmo.. Mas sabes, na imagem acima, de longe, já era confundível lol