segunda-feira, 7 de novembro de 2011

É dor, isto que sinto

 
Na linha dos últimos posts sobre o juro pago pela dívida pública italiana, tenho a dizer o seguinte: está meeeeesmo quase. E, como diria Nouriel Roubini, "não vos vou dizer que eu bem vos disse, mas disse". 

Hoje estou melancólico com influências revoltosas. Tudo isto é tão incompreensível, que me dói. Com sinceridade. Sinto-me como um espectador sentado na plateia de um teatro. Numa peça a trama repete-se todas as noites em que o espectáculo vai à cena. É assim que deve ser. Deve ser dada a oportunidade a todos quantos quiserem assistir, de irem ver a peça. Mas ESTA não é uma peça que valha a pena assistir consecutivamente. Seria desejável que demonstrássemos visão, senhores! E, deste lugar onde me sento, este espectáculo a que estou a assistir repete-se, bailout após bailout após bailout após o raio que vos parta a todos. Não podia ser assim! A história repete-se sem que se vislumbrem sinais de aprendizagem por parte de quem manda nestas coisas. A história serve para compreender o futuro, embora se costume dizer que em economia o passado não interessa, o presente não existe e o futuro é hoje. Considero essa uma perspectiva redutora e, no máximo, é um caso notável. E não há um filha da puta de alguém dos que mandam nas cenas que perceba que há padrões, que há coisas que, ao acontecerem sistematicamente da mesma forma, garantem com uma probabilidade razoavelmente elevada a sua repetição futura! Ou se calhar até há quem perceba isto, mas talvez seja este o jogo político e financeiro de que é feita esta vidinha do primeiro mundo. 
Ainda assim, dói-me. O conceito de dor como aqui falo é relativo, já se vê. No contexto em que me insiro, dói-me. Se estivesse em São Tomé estava-me pouco cagando para a dívida pública, mas não estou. O que me incomoda mesmo para lá de demasiado é que os senhores que mandam não sentem dor e não estão em São Tomé. Isto, eu não compreendo. E esforço-me tanto!


3 comentários:

Bafejada pelas Musas disse...

Hoje a ver as "notícias" sobre o colapso na Itália, lembrei-me dos teus post´s....

Miguel disse...

É. E a propósito dessa linha de raciocínio - não sei porque escrevi esta última frase, não tem nada a ver, mas apeteceu-me -, dizer que o meu problema é o timing. Sempre foi. Bom, também é verdade que o timing é que é o problema. Sempre. Esquece, tenho sono.

Bafejada pelas Musas disse...

Quando se tem sono, dorme-se:)
Não se fazem comentários confusos!lol