À segunda foi de vez. Conquistámos o pico da Serra
de Montejunto às 13:52h de ontem. Da primeira vez ficámos por volta dos 400m de
altitude. Problemas físicos e mecânicos inesperados fizeram-nos desistir e
voltar para trás. Uma semana depois, e porque somos de boa casta, voltámos ao
campo de batalha e a serra não se ficou a rir. Conto-vos como foi.
O jogo não era simples. Em vez de subir directo ao
pico, o percurso todo-o-terreno previa serpentear pela serra sujeitos a subidas
e descidas alucinantes, para um total de desnível acumulado ascendente de cerca
de 1200m. O clima estava frio, mesmo frio, e nublado. Diferente da primeira
vez, era agora ameaçador, ao desafio, como se a serra tivesse cerrado os dentes
descontente por termos regressado. Depois de horas a pedalar em
todo-o-terreno e sem um único problema mecânico, deparamo-nos com uma subida
impressionante sobre pedra calcária desagregada que nos fez desmontar a todos (se fosse
granítica a história seria outra) e subir a pé. É evidente que para uma montanha que se preze isto é baixa altitude, mas mesmo assim tão inóspito que isto é!, lá se fez, e no meio do
esforço dou por mim espantado com a ideia dos antigos a povoarem sítios destes há centenas
de anos atrás.
Nesta altura os rostos já não disfarçam o cansaço e
um dos meus amigos bttistas que convoquei à última hora quebra valentemente. Já ficava
para trás em todos os troços enquanto certamente me desonrava de tudo, mas
aqui foi o golpe de misericórdia. É então que vislumbramos o ataque final às
antenas e radares que se encontram instalados no pico. Senti-me surpreendentemente bem a negociar a
subida final, agora sobre asfalto. A vontade faz
milagres e trepo renascido. Aos 666m de altitude e com um frio de rachar, a
visão era sublime. Mesmo o meu futuro ex-amigo que ainda hoje de manhã me disse
que tinha “ligeiras dores e dificuldade em andar”, ahah, gostou tanto que me
pediu que lhe tirasse uma foto lá em cima para emoldurar e meter na parede do
escritório.
Falta-me o necessário talento para descrever a sensação de estar lá
em cima depois da barbárie física a que me sujeitei e mesmo uma fotografia não
lhe faz jus. Só me ocorre dizer o seguinte: como se nada mais existisse, é todo
um cérebro que só se lembra de sorrir. É libertador, senhores.
Aos 400m de altitude, da primeira tentativa. Céu
limpo e radioso, parecia que estávamos num avião a olhar cá para baixo.
Arrepiante.
No ponto da vitória, com as nuvens mais próximas do
que nunca quase a brincarem connosco. Se mais montanha houvesse mais íamos
atrás delas, tenho a certeza.
5 comentários:
Por que caminhos te metes. Primeiro caminhos de Santiago e agora á procura da BESTA?
Pelas imagens que mostras pare estares no Céu não no Inferno. Começo a ficar confusa.
Besta? Mas qual besta?
666 é o Nº da BESTA
o demo não teve qq hipótese! trazíamos a benção de Santiago. :)
daí as fotos magníficas
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