Enquanto espero mesa para almoço
no ‘Darwin’s Café’ da Fundação Champalimaud, refastelado num dos (aparentemente)
antiquíssimos sofás do hall de entrada, olho para as imponentes paredes (só a
arquitectura/decoração de interiores deste restaurante dava um post, não fosse
o projecto e a gestão do espaço da autoria da equipa LA Caffé), distraindo a
atenção pelos quadros e peças variadas alusivos ao cientista que dá nome à
casa. Detenho-me na seguinte frase, emoldurada em letras garrafais e colocada
sobre um móvel de madeira escura de aspecto pesadão com mais de 2,50 metros de altura:
It is not the
strongest of the species that survive, nor the most intelligent, but the ones
most responsive to change.
Por breves instantes juro que me senti
aturdido, quase perdido no tempo. Não pela frase em si, que conheço de quando estudante no secundário, mas pelo sentimento contraditório provocado pelo conjunto: uma sala
moderna, com apontamentos de decoração invocando o passado, inserida numa
instituição de vanguarda, com aquela frase ali especada, tão actual, tão brutalmente
verdadeira, assentando que nem uma luva às criaturas da nossa própria espécie nos dias de hoje.
Racionalizando e desmistificando,
é evidente que a ideia expressa na frase assemelha-se profética porque se vivem
tempos difíceis. Nada mais do que isso. Mas impressiona na mesma. Se vivêssemos
tempos mais favoráveis, de crescimento económico, aposto que nem notaria na
frase do senhor Darwin. Mas assim não, a tipa apareceu divina e ficou para me
assombrar. Agora tenho isto na cabeça e passo o dia a dizer mentalmente “pois,
o homem tinha razão, ora aqui está”, por tudo e por nada que acontece. Mas que
querem, aquilo serve!
Era só isto, voltem lá à vidinha
que eu vou ali tentar ser mais adaptativo. Querem ver um sinal de
adaptação: por mim era voltar aos autos-de-fé. Era uma limpeza!
2 comentários:
Não me venhas com estas coisas: quem são adapta são as contorcionistas de circo e os preservativos.
Não percebes nada disto.
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