Os gigantes também morrem e é com
profunda tristeza, embora com tranquilidade, que assisto a mais um sinal da
passagem do tempo. Finalmente, lamentavelmente, a Eastman Kodak, empresa centenária,
pede a insolvência. Há horas atrás, a companhia, assim como as suas subsidiárias
em solo americano, pediram a reorganização ao abrigo do famigerado Chapter 11
(protecção de credores).
É o corolário de mais de dez anos
de agonia e uma queda sistemática na cotação do título. Depois de ter valido 90
dólares por acção (valor ajustado aos stock-splits) no auge dos loucos anos ‘90,
iniciou um percurso para a morte que nunca mais parou, até ontem, altura em que
cotou nos 0,60 dólares por acção. Hoje, com o anúncio, está a cair 35% na NYSE
para cerca de 0,36 dólares. Já nem sequer se pode falar de golpe de misericórdia,
tanto mais para tipos como eu, que acreditam que as cotações são, na sua maioria
e particularmente numa óptica de longo prazo, consequências e não causas. Uma companhia que teve uma capitalização bolsista superior a 20 biliões de dólares e que hoje vale pouco mais de 90 milhões, contando mesmo assim, aos dias de hoje, com quase 20000 empregados.
A Kodak, que inventou a película
de rolo e abriu um mundo novo ao cinema no final do século XIX, a Kodak que
morre por não ter sabido acompanhar a era digital e que, ironia das ironias, inventou
em 1975 a
primeira câmara digital do mundo.
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